quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O Portal de Rashomon - I. J. Parker



Este livro é uma mistura de policial com ficção histórica. Faz parte de uma série de livros com o personagem Akitada Sugawara, um funcionário público do Japão do século XI que costuma desvendar casos. Nesta aventura, Sugawara é requisitado pelo seu antigo professor para solucionar um caso de chantagem na universidade em que estudou, e para isso preenche uma vaga de professor assistente. Durante a investigação, ocorrem alguns assassinatos, e várias tramas paralelas são desenvolvidas.

A estória corre num bom ritmo, e os personagens secundários são bem produzidos, com características particulares bem definidas e boas inclusões no roteiro. Apesar de algumas soluções de crimes serem altamente improváveis (característica básica de livros policiais), gostei bastante deste livro, e espero o lançamento no Brasil de outros livros da série.

Ingrid Parker é professora universitária aposentada da Universidade de Virginia (EUA) e pesquisadora do Japão do século XI, e criou a série de Akitada Sugawara no final da década de 1990. Apesar de ganhar alguns prêmios literários e ter livros traduzidos para diversos idiomas, é pouco conhecida aqui no Brasil – nem mesmo os editores brasileiros a conhecem, visto que, na orelha da edição brasileira, é apresentada como um homem! Eu mesmo nunca tinha ouvido falar dela, e só descobri porque peguei o livro emprestado de um amigo que ganhou de natal e não gostou. Mas para mim foi uma boa descoberta, e espero que seus livros se popularizem no Brasil e ganhemos traduções de outros livros seus – as versões importadas têm praticamente o mesmo preço da nacional.

O PORTAL DE RASHOMON
I. J. PARKER
EDITORA BEST SELLER
383 PÁGINAS
DISPONIBILIDADE: QUALQUER LIVRARIA
AVALIAÇÃO: BOM PARA FÃS TANTO DE GÊNERO POLICIAL COMO FICÇÃO HISTÓRICA

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Take my breath away



Alguém saberia dizer quem é a vovó aí de cima? Difícil, não é mesmo ... Mas eu garanto que você já a viu e se amarrou na historinha de amor entre ela e o tenente Maverick, interpretado por Tom Cruise em um filme cláááássico.






É isso aí! A velhota em questão é Kelly McGillis, que ficou famosa por interpretar aquela instrutora balzacagatona que fica encantada pelo tenentegarotão. Os alternativos em questão podem me chamar de babaquinha e tudo mais, mas eu devo dizer que me amarro em Top Gun. Tenho esse filme no meu PC, e de vez em quando assisto pra dar umas gargalhadas.


Alguns momentos do filme são realmente muito engraçados. Ver aqueles caras jogando vôlei de praia de calças jeans, por exemplo, é hilário. Isto sem contar a atuação meio picareta do Tom Cruise, e o climão “ sauna gay” que rola entre o Maverick e o Iceman, interpretado pelo Val Kilmer, tudo isso embalado por uma atmosfera bem "anos 80"... Take my breath away tãnãnã ...

Ademais, o filme não traz nada de especial, além de belas imagens de caças e combates aéreos e etc, mas sei lá... o filme marcou pacas a minha infância, povoando as “sessões da tarde” da vida, e eu continuo assistindo até hoje. Destaque para a belíssima moto pilotada pelo Maverick.

Se você tá meio sem tempo, e quer dar uma relembrada rápida, dê uma passada aqui!

Quem quiser ver como o tempo fez mal aos demais atores do filme, dê uma olhada aqui!

Já quem quiser saber mais sobre a historia de amor alternativa que rola no filme, dê um voadão aqui!


DC Comics continua a basófia com a inteligência dos leitores



Chegará amanhã às bancas norte-americanas a edição 67 de Teen Titans. Na capa, o Irmão Sangue, um personagem que havia morrido há pouco tempo. Seguindo a tendência de debochar dos leitores com histórias sem graça nenhuma, ressuscitações absurdas e situações embaraçosas, a DC Comics presenteia os fãs com mais uma canastrice: o vilão se aproveita de uma guerra no inferno para voltar à vida e atacar os Novos Titãs... Não é sem razão que a DC vem tomando freqüentes chineladas da Marvel nas vendas. O resultado de todas as gracinhas da editora, além de decepcionar rotineiramente os fãs antigos – como este que escreve – e perder mercado, foi a demissão de funcionários de confiança nos últimos dias.

Guitar Hero: Metallica



Foi divulgada a lista de músicas do próximo jogo da franquia Guitar Hero, com lançamento previsto para 29 de março nos consoles PS3 e Xbox 360. As versões para PS2 e Wii, somente em maio. Abaixo, a lista das músicas.

Metallica:
“All Nightmare Long”
“Battery”
“Creeping Death”
“Disposable Heroes”
“Dyers Eve”
“Enter Sandman”
“Fade To Black”
“Fight Fire With Fire”
“For Whom The Bell Tolls”
“Frantic”
“Fuel”
“Hit The Lights”
“King Nothing”
“Master of Puppets”
“Mercyful Fate (Medley)”
“No Leaf Clover”
“Nothing Else Matters”
“One”
“Orion”
“Sad But True”
“Seek And Destroy”
“The Memory Remains”
“The Shortest Straw”
“The Thing That Should Not Be”
“The Unforgiven”
“Welcome Home (Sanitarium)”
“Wherever I May Roam”
“Whiplash”

Outras bandas:
Alice In Chains – “No Excuses”
Bob Seger – “Turn The Page”
Corrosion of Conformity – “Albatross”
Diamond Head – “Am I Evil?”
Foo Fighters – “Stacked Actors”
Judas Priest – “Hell Bent For Leather”
Kyuss – “Demon Cleaner”
Lynyrd Skynyrd – “Tuesdays Gone”
Machine Head – “Beautiful Mourning”
Mastodon – “Blood And Thunder”
Mercyful Fate – “Evil”
Michael Schenker Group – “Armed and Ready”
Motorhead – “Ace of Spades”
Queen – “Stone Cold Crazy”
Samhain – “Mother of Mercy”
Slayer – “War Ensemble”
Social Distortion – “Mommy’s Little Monster”
Suicidal Tendencies – “War Inside My Head”
System of a Down – “Toxicity”
The Sword – “Black River”
Thin Lizzy – “The Boys Are Back in Town”

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Mais uma do Prof. Dr. (W)Vanderlei(y) Luxemburgo

Luxemburgo é condenado por insultos a Marcelinho



"Treinador do Palmeiras terá de pagar R$ 76 mil ao atleta por tê-lo ofendido em programa de televisão."

Link para a matéria completa no Estadão

Não sei quem foi que errou mais nesse caso.
1. Luxemburgo, por ter dito a verdade em rede nacional sem mostrar as fotos de Marcelinho com várias mulatas na concentração e a Bíblia servindo de descanso para copos de cerveja;
2. Marcelinho, por ter feito papel de vítima, não tendo respondido e nem acusado o antigo treinador de manter relações com uma manicure, ser flagrado utilizando documentação falsa, e nem de sonegação fiscal;
3. A Justiça, por determinar que um dos dois possa estar certo sobre qualquer coisa.

Quem ainda não viu o episódio, tire suas próprias conclusões. Quem já viu, vale a pena ver de novo.



P.S. Será que no Instituto Wanderley Luxemburgo tem palestras e cursos intensivos de concordância verbal?

Adaptações Aptas

No último post, falei tão mal de adaptações de desenhos para cinema que fiquei parecendo um xiita, o que não sou (bem, não muito). Tudo bem que nunca gostei de adaptações de desenhos animados, mas quando entramos na área dos quadrinhos, a situação muda um pouco. Desde que o cinema foi inventado são produzidas adaptações, começando por “Viagem à Lua”, adaptação de um livro de Júlio Verne, de 1902. Logo, desde que surgiram os quadrinhos de super-heróis, surgiram adaptações para cinema ou TV – existem séries de filmes das décadas de 30 (Mandrake-1939) e 40 (Batman-1943, Fantasma-1943, e Super-Homem-1948). De lá pra cá, muita coisa foi feita, desde série clássicas como o Batman da década de 60 e Super-Homem da década de 70 até as tosqueiras O Julgamento do Incrível Hulk (1989) e os banidos Capitão América (1990) e Quarteto Fantástico (1994), (mas tenho que confessar, achei muito maneiro o Fantasma, de 1996).

Em 2000, surge uma nova onde de adaptações de quadrinhos. Apesar de mediocridades como Elektra, Hulk, Motoqueiro Fantasma, Mulher-Gato, Super-Homem e, principalmente, Homem-Aranha, foram lançadas boas adaptações de quadrinhos, começando pela trilogia dos X-Men, passando por Hellboy, Batman, Justiceiro, Liga Extraordinária (tudo bem, esse é tosco, mas eu gostei!) e ultimamente Homem-de-Ferro. Agora, a comunidade nerd aguarda ansiosamente por Wolverine (apesar de alguns clichês, o trailer promete) e principalmente Watchmen (todos os problemas que pintaram nos últimos meses aumentam ainda mais a expectativa). Murmurinhos em sites especializados apontam para Homem-de-Ferro 2, Liga da Justiça, Vingadores, Novos Titãs, Capitão América e sabe-se lá mais o que. Torço para que Wolverine e Watchmen sejam fodas, e que venha muito mais!

sábado, 24 de janeiro de 2009

Adaptações Inaptas


Os manda-chuva de Hollywood começaram a destruir desenhos clássicos fazendo deles filmes com atores “de verdade” (quero dizer, seres humanos, não necessariamente atores de verdade) em 1994, com a porcaria “Os Flintstones” (aquele com a Halle Berry fazendo papel de putona), continuaram até Garfield e Scooby Doo, e agora querem usar as mesmas animações por computador toscas e os mesmos pretendentes a atores em Tom e Jerry e os Jetsons.

Não satisfeitos, começaram uma campanha de destruição dos desenhos japoneses, iniciando logo com um dos maiores ícones – Speed Racer, se você ainda não viu, alugue outro filme ou leia um bom livro – e agora vem esse tal de Dragonball Evolution, que tirando as esferas do dragão, em nada lembra o desenho – se isto é evolução, que eu seja extinto pela seleção natural antes do lançamento! Para piorar, já se tem notícias da produção de Cowboy Beebop, com participação do cigano Igor dos EUA, Keanu Reeves.

Em caso de depressão após ver o trailer do tal “Evolution”, assista ao verdadeiro e único filme de Dragonball, em inglês (qualidade regular) ou com legenda em português (qualidade vhs várias vezes copiado e depois ripado).

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O Melhor de Hagar, o Horrível





Ele é o que todo homem moderno gostaria de ser mas tem vergonha: sujo, gordo, grosseiro, preguiçoso, machista, estúpido. Ele é viking, e suas maiores preocupações são pilhar, invadir castelos e beber cerveja. Todas as suas características podem ser abominadas hoje em dia, mas uma coisa ninguém pode negar: ele tem um grande coração e alegra diariamente a vida de milhões de pessoas em todo o planeta. Ele é Hagar, o Horrível!

Criado pelo novaiorquino Dik Browne (1917-1989), o viking mais famoso do mundo encanta espíritos jovens desde 1973 em diversos jornais espalhados pelo mundo - inclusive no Brasil. Ao lado de Eddie, o sortudo, Hagar enfrenta diversas aventuras e situações inusitadas para aplacar sua natureza guerreira e sustentar sua família: Helga, a esposa dedicada e mal humorada (não sem motivos, o machão é do tipo que não lava um copo d'água), a filha adolescente Honi (e todos as dores de cabeça que uma bela filha adolescente dão a um homem), o filho Hamlet (um cdf que é a antítese perfeita do pai, daí um choque freqüente de gerações) e Snert, o cão. Dizem que Dik Browne se inspirou em si mesmo para criar Hagar: ele era gordo e barbudo, mas não tenho informação se ele era um bonachão dentro de casa ou se costumava invadir residências alheias... Antes de criar Hagar, trabalhou com Mort Walker, seu amigo e criador do Recruta Zero, nas tiras Hi end Lois, uma sátira a um casal na vida moderna.

Dik Browne

Como se trata de uma série de tiras de jornal voltadas para o humor, é obvio que não faria sentido apresentar um personagem historicamente fiel à realidade, e muitas de suas características são estilizadas, a começar pelos chifres no capacete - os vikings nunca usaram chifres, isso foi inventado em uma ópera do século XIX, e a partir daí ficou no imaginário popular. Porém, a particularidade mais interessante das tiras de Hagar é a inserção de aspectos da vida moderna no contexto viking, uma sátira aos problemas do dia-a-dia, e a relação homem x mulher.

Após o falecimento de Dik Browne, a série foi continuada por seu filho, Chris Browne, que escreve e desenha a vida de Hagar até hoje. No Brasil, Hagar é publicado diariamente no jornal O Globo (e provavelmente em outros jornais pelo Brasil pertencentes à empresa). Quando eu morava com minha família, lia diariamente as tirinhas por conta de uma assinatura do jornal, mas hoje não tenho mais acesso a isso, e sinto muita falta daqueles breves segundos de alegria juvenil diária. Mas ainda leio quando tenho oportunidade, e para aliviar um pouco a saudade de vez em quando, foi publicada uma compilação das melhores tiras Hagar, o Horrível!

Chris Browne

A editora L&PM publicou em 1997 a primeira coletânea de Hagar, mas parece que não agradou e a editora ficou anos sem publicar mais nada. Verdade seja dita, este primeiro volume me pareceu uma compilação meio tosca, com tiras impressas sem nenhum tipo de ordem, nem sequer uma introdução ou uma breve biografia do autor. A série só foi retomada em 2005, e já foram publicados até agora cinco volumes, sendo os quatro primeiros vendidos também dentro de uma caixa. Os volumes 2 e 3 tiveram uma produção bem menos tosca, e contam com introduções de Dik Browne e Mort Walker e um texto falando sobre o autor. Além disso, as tiras foram reunidas em temas, introduzidas por pequenos e divertidos textos. Já o volume 4, sabe-se lá porque, voltou a ter o mesmo desleixo do volume 1. Quanto ao quinto volume, não posso emitir opinião pois ainda não tive acesso, mas em breve pretendo anexá-lo à minha coleção, tendo em vista o preço acessível - R$ 9,50 cada volume. A editora Opera Graphica também tem albuns do Hagar, porém mais caros, e me parece que já esgotados.

Para quem quer conhecer mais tiras de Hagar, uma boa é dica é o blog brasileiro de tiras do Hagar.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Ricardo Montalbán



Infelizmente, no último dia 14, faleceu em Los Angeles, o grande ator mexicano Ricardo Montalbán. Nascido no dia 25 de novembro de 1920, na Cidade do México, Ricardo Gonzalo Pedro Montalbán Merino fez parte do pequeno grupo de atores que tem coragem de enfrentar as barreiras políticas e sociais em Hollywood.

Depois de uma boa carreira no México, conseguiu maior sucesso nos Estados Unidos. Mesmo com tamanha fama, Montalbán não esqueceu suas origens e reivindicava um maior número de atores latinos na indústria do cinema e da TV. Porém, de acordo com declarações do próprio, essa atitude fez com que ele fosse excluído de várias oportunidades de emprego.

Em 2004, na inauguração do Teatro Ricardo Montalbán, mesmo debilitado em função de um problema na coluna, Ricardo subiu ao palco em sua cadeira de rodas e no discurso expôs a finalidade do teatro e, principalmente, sua ideologia:

"O México é minha mãe; os Estados Unidos o melhor amigo que terei. Então eu sonho com o dia em que minha mãe dirá, 'Ricardo, você escolheu um amigo maravilhoso.' E o dia em que o meu melhor amigo dirá, 'Ricardo, você tem uma mãe sensacional.'... Esse é o meu sonho. Eu nunca o verei completo enquanto estiver vivo, mas penso que esse é o começo, e é o que me faz tão feliz de ver tornando-se realidade."

Fica aqui minha homenagem a este grande ator, com uma paródia de seus dois grandes personagens: Sr. Roarke, da Ilha da Fantasia e Khan Noonien Singh, de Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan.



quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Fala Sério, Batman!




Os fatos são os seguintes: o Batman verdadeiro (Bruce Wayne) morreu (claaaaaaaro!) e a DC espera vender milhões de revistas que mostrarão quem vai vestir o uniforme do morcego - e se depender da quantidade de otários que vão dar bola pra isso, pode comprar ações da DC na bolsa que você vai ter lucro.

A questão é: quanto tempo vai demorar para que Bruce Wayne volte do além-vida, que inventem que quem morreu era um clone, o cara-de-barro, o irmão gêmeo perdido, um skrull, ou seja lá o que for, que nem fizeram com Super-Homem, Lanterna Verde, Arqueiro Verde, Robin...

Cotações:

Até julho de 2009 - 1 para 5
Até janeiro de 2010 - 1 para 40
Até julho de 2010 - 1 para 120
Até janeiro de 2011 - 1 para 250
Após janeiro de 2011 - 1 para 5000
Daqui a 5 anos - 1 para 250000
Daqui a 10 anos - 1 para 75000000
Nunca, ele vai morrer e não vai mais voltar - 1 para 1 bilhão

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Complexo de Messias





A Marvel ficou um bom tempo sem lançar material digno de X-Men, talvez uns 10 anos (com exceção para a fase escrita por Grant Morrison), mas há cerca de um ano saiu uma série que eu realmente gostei, chamada “Complexo de Messias”. Na contramão das chatices que dominaram as páginas de todas as revistas mutantes nos últimos anos, esta série teve um roteiro sério, com direito a traições, mortes e viagens no tempo. A estória começa com o nascimento de um mutante, o primeiro depois de anos de quase extinção do gene mutante (resultado da baboseira “Dinastia M”, quando a Feiticeira Escarlate tem uma TPM braba e tenta acabar com todos os mutantes). Enxergando a salvação para a espécie mutante, os X-Men vão atrás desta criança, mas descobrem que tem muito mais gente querendo pegá-la. A partir de então, desenvolve-se uma estória dinâmica, cheia de reviravoltas e revelações surpreendentes, o que por muito tempo faltou nas revistas X.

Passei anos lendo as estórias dos grupos mutantes displicentemente, sem nenhuma expectativa (obviamente de graça, eu não gastaria um tostão com isso), mas “Complexo de Messias” me surpreendeu. Agora, a Panini está lançando esta saga, iniciando na revista X-Men 85, neste mês. Se você tem grana e quer gastá-la (R$ 7,50 cada revista), e não acha que o monopólio da Panini é nocivo para a situação calamitosa dos quadrinho no Brasil, sinta-se à vontade para entrar numa banca e aproveitar esta boa estória dos X-Men, pois provavelmente só será lançada uma igual daqui a alguns anos; se você não se encaixa no perfil acima mas quer ler o “Complexo de Messias”, pegue emprestado de uns amigos, em inglês ou espanhol, e divirta-se.

Nota: A Marvel já divulgou que uma continuação da série está a caminho, e se chamará "Messiah War" (mais uma guerra...). Ontem foi publicada uma entrevista no Newsarama com o roteirista Chris Yost falando sobre a nova série, mas para quem ainda não leu Coplexo de Messias, cuidado, é cheia de spoilers.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Como matar um Wildcat?



Na década de 1990, os quadrinhos da Marvel estavam com a bola toda, com desenhistas superstars como Jim Lee, Todd McFarlene e Marc Silvestri. Seus desenhos super-estilizados, uma novidade para a época (mas que logo se transformariam no estereótipo do machão musculoso e da heroína gostosona) faziam certos títulos chegarem à tiragem de milhões (como a famosa mini-série dos X-Men de Jim Lee), e o que eles ganhavam com isso? Salários de desenhistas, nada mais. Nenhuma porcentagem das vendas, nenhum direito sobre personagens criados por eles. Revoltados – e olhando uma mina de dinheiro à frente – os tais desenhistas-estrelas criaram a Image Comics em 1992, editora na qual cada um teria os direitos de suas criações.

Na época de sua criação, a Image Comics nada mais era do que uma cópia das editoras Marvel e DC, com super-heróis no mesmo estilo, alguns grosseiramente copiados. Um grupo destes super-heróis se chamava WildC.A.T.s, criados por Jim Lee, e como todos os outros, era cheio de fortões e gostosonas, sem nada a acrescentar à cultura de ninguém. Essa foi a imagem dos Wildcats que ficou na minha cabeça, por isso nunca tive muito interesse em acompanhar a série. Porém, acho que todo ser tem em si a possibilidade de evoluir – não vê os Beatles, de boys band à maior banda de rock da história? – e visitando fóruns na internet li comentários muito elogiosos a respeito do que os Wildcats haviam se tornado. A informação que recebi foi que um arco havia sido escrito até por Alan Moore, ou seja, Deus – isso não é pouca coisa. Depois dessa, com certeza alguma coisa havia mudado, e isso ficou na minha cabeça.

Certo dia, forçado a uma viagem de ônibus imprevista, sem tempo para preparar o livrinho para ler durante o trajeto, entrei numa banca para pegar alguma coisa que me distraísse – odeio viagens de ônibus! – e me deparei com dezenas de gibis da Panini, daqueles de super-herói com quatro estórias no miolo, três medíocres e uma razoável, todas já iniciadas em outras edições e com o clássico “continua” no final. Já estava preparado para comprar qualquer porcaria melhor do que isso, talvez até aqueles livrinhos eróticos com casais seminus na capa, quando encontrei enterrada no fundo da banca uma edição encadernada de Wildcats, com o selo da quase finada editora Pixel Media – que não costuma publicar besteiróis americanos – e me salvei de algumas horas de tédio infernal.

Realmente tive uma surpresa e pude comprovar como mudou a orientação das estórias destes personagens. Para começar, os direitos dos Wildcats já não pertencem mais à Image (há muitos anos, por sinal, mas eu nunca havia me interessado em saber sobre isso), foram vendidos para a Wildstorm. A revista em questão se chama “Como matar um Wildcat”, reunindo varias estórias em 160 páginas. Ainda existem reminiscências de quadrinho-espetáculo em algumas partes, mas a maioria da revista é composta por desenhos sombrios e crus, e os temas são mais adultos do que pura pancadaria. A trama é muito interessante, e mesmo eu, que não conhecia quase nada sobre nenhum personagem, pude entender o que se passava.

A primeira estória é independente das outras, sobre um personagem chamado Warblade em busca de vingança contra um vilão que matou sua namorada. Desenhos razoáveis de Carlos Meglia (quem?), e roteiro dispensável de Scott Lodbell, nada mais. A trama principal do volume começa mesmo na segunda estória. O grupo original se desfez, e um mistério a respeito do chefe do grupo faz com que alguns deste antigos heróis suspeitem estar sendo manipulados e enganados e se juntem para descobrir a verdade. Uma trama muito bem-feita, com personagens bem caracterizados e um final que aparentemente redefine os rumos do grupo. Bom roteiro de Joe Casey e desenhos estilizados e justos de Sean Phillips. No meio da revista tem também outra estória da fase besteirol americano, tipo um interlúdio sem motivo algum e sem nenhuma ligação com a trama principal, mas nada demais, é só pular algumas páginas.

Terminando a leitura de “Como matar um Wildcat” dá vontade de comprar o próximo volume encadernado, mas pelas notícias que temos sobre a Pixel Media, infelizmente creio que vou ficar só na vontade mesmo, até que outra editora adquira os direitos sobre o grupo. Mas este ainda dá pra encontrar em algumas bancas ou livrarias, já que foi lançado há cerca de dois meses. Mas tem que contar com a sorte, pois a distribuição dos quadrinhos da Pixel não é das melhores (rola uma história de que uma certa distribuidora que monopoliza o mercado paga e até ameaça jornaleiros para ter destaque em seus títulos e para que os títulos de outras distribuidoras sejam escondidos nos cantos das bancas. Apesar dos fatos indicarem a veracidade desta história, por enquanto é só uma lenda urbana, e assunto para outro post, talvez). Os Wildcats mudaram, e pelo que acompanho dos quadrinhos americanos a Image também – a editora perdeu os direitos de talvez todos os personagens de sua fase inicial, e hoje aparentemente seus títulos são mais sérios, com temática adulta. Um brinde à evolução!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Vertigo - Panorama atual (parte 1)



Vertigo é um selo da DC comics para quadrinhos mais sofisticados do que os super-heróis com cueca por cima da calça, com temas mais adultos. Foi criado em 1993 e já contou com publicações clássicas e de alta qualidade, como Sandman, Monstro do Pântano, Hellblazer e Os Invisíveis. Apesar desta época de ouro pertencer ao passado, o selo nunca deixou de garantir a qualidade e originalidade das estórias. Esta postagem é uma análise dos títulos publicados pela Vertigo atualmente (ou que recentemente foram cancelados), e serve de recomendação para quem deseja ler quadrinhos que não subestimem a inteligência do leitor. A maioria é inédita no Brasil, mas todos eles podem ser encontrados para download (em inglês) no Pirate Bay.

- American Virgin – Uma série bacana que foi cancelada na edição 23, no ano passado. American Virgin mostra a vida de Adam, um jovem pastor crente evangélico americano(!) que prega a abstinência sexual, mas tem sua vida virada de cabeça para baixo quando sua namorada, que estava na África em missão religiosa, é assassinada por terroristas e as imagens percorrem todos os noticiários. A partir daí, Adam começa uma busca onde ele vai descobrir sua própria sexualidade e se libertar de dogmas e preconceitos. Sem previsão de publicação no Brasil. Torrent em inglês

Detalhe: Num arco chamado “Around the World”, o personagem principal e uma amiga visitam o Rio de Janeiro, um lugar onde todas as mulheres fazem topless na praia! Quem dera!

- The Exterminators – Esta série conta a estória de Henry James, um cara que acaba de sair da prisão e começa a trabalhar na dedetizadora de seu padrasto, chamada Bug-Bee-Gone. A partir de então, Henry passa a combater os bichos mais nojentos que se pode imaginar, enquanto paralelamente um veneno para baratas o chamado Draxx se difunde e começa a dar efeitos colaterais estranhos. The Exterminators é engraçado, tem personagens bem criados com estórias de fundo legais, mas a trama vai embolando e se perdendo através das edições, por isso perdi o interesse e parei de ler na edição 22.

A idéia era que a série alcançasse cerca de 50 edições, mas sua perda de gás também foi percebida pelos leitores norte-americanos, e a queda nas vendas decretou seu fim no número 30, no ano passado. Porém, o ponto alto desta série são as capas. Valeu à pena esperar cada mês para me satisfazer com desenhos ótimos e divertidos de baratas espreitando famílias indefesas, hehehe. Sem previsão de publicação no Brasil.

- Loveless – Outra série que começou bem, mas desandou e foi cancelada prematuramente. Loveless se passa nos Estados Unidos, no período após a guerra de secessão, abordando temas como rivalidade norte x sul, racismo e injustiça. O personagem principal é Wes Cutter, veterano de guerra sulista que , após ser libertado, volta à sua cidade e se torna xerife. Através das edições, várias passagens são contadas através de flashbacks, tanto de Cutter como de outros personagens secundários, abordando aspectos realistas desta parte da história dos Estados Unidos.

Escrita por Brian Azzarello, autor da aclamada série 100 Balas, Loveless tem uma narrativa interessante, fazendo um bom par com os desenhos de traços sujos de três artistas que se revezam, mas infelizmente começa a perder sua eficiência após a décima edição e foi cancelada no número 24, no ano passado – originalmente, Azzarello previa mais edições, para que a trama chegasse até a década de 1940. Sem previsão de publicação no Brasil.

- Y, o último homem – Excelente série de ficção científica, finalizada no ano passado na edição 60, Y é a estória de Yorick, um cara que certo dia acorda e descobre que todos os seres com cromossomo Y foram exterminados – ou seja, os machos de todas as espécies – exceto ele e seu macaquinho de estimação. Não vou entrar em mais detalhes, pois já falei desta série no meu finado blog Livro Semanal. Está sendo publicada no Brasil regularmente na revista (mais ou menos) mensal Pixel Magazine, da editora Pixel Media. Torrent em inglês

- Army @ Love – Comecei a ler esta série de 12 edições, mas achei tão ruim que parei no número 4. Não deu para entender muito bem qual a mensagem que o autor quis passar, mas a trama se passa numa guerra num país que representa o Afeganistão, e tem uma divisão do exército americano que é formada por mulheres que fazem sexo com os soldados para aliviar as tensões, uma coisa meio estúpida, e algumas tramas paralelas com o texto chato e carregado. Tenta ser uma sátira da situação militar dos Estados Unidos hoje em dia, mas não tem graça nenhuma, e mesmo assim estão lançando uma mini-série atualmente. Absolutamente dispensável. Sem previsão de publicação no Brasil (e sem nenhuma pressa).

Continua na próxima parte deste post, daqui a alguns dias, ou semanas.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Mais um personagem ridículo assassinado pelo Batman



Pois é, parece que o Batman continua fazendo a limpa. Dessa vez quem dançou foi o Baby. Tá achando que é mentira? Então leia a notícia na íntegra na própria página do jornal.

Nós podemos até comemorar quando dois personagens escrotos vão pro beleléu - antes do Baby foi o Gaguinho, como você leu aqui, mas e quando for a vez de personagens maneiros, tipo o Garfield, que só come e dorme, ou o Hagar, que é viking (só isso já faz dele um cara maneiro)?

Fazendo um paralelo com o humor negro, é justamente isso que vai acontecer se a sociedade deixar estes "super-heróis" praticando suas atividades: hoje é um vagabundo qualquer, amanhã é um outro João Hélio ou um outro número nas estatísticas, número que pode representar eu ou você, por que não?

O Livro Perigoso para Garotos - Conn Iggulden e Hal Iggulden




Todo garoto precisa de coisas legais para fazer e conhecer, ou seja, uma cultura própria da idade, mais ou menos difundida igualmente entre todos os povos. Quando eu era um deles, tinha que recorrer a diversos meios para descobrir coisas legais como dinossauros, histórias reais de aventuras e bichos ameaçadores (até hoje eu guardo um livro do instituto Butantan com a catalogação de cobras, aranhas e escorpiões, todo rabiscado). Também tinha que me virar para aprender a fazer tinta invisível ou jogar xadrez, e algumas coisas eu sempre desejei, mas nunca fiz porque simplesmente não encontrei onde ensinasse – construir uma casa na árvore ou um carrinho de rolimã, por exemplo.

A partir de agora, nenhum garoto passará por este tipo de problema. “O Livro Perigoso para Garotos” é a enciclopédia que sempre faltou nas vidas de moleques de todas as gerações. Escrito pelos irmãos Conn e Hal Iggulden (sendo o primeiro o autor das séries de ficção histórica sobre Júlio César e Gengis Khan), este compêndio reúne tudo que um garoto precisa conhecer ou saber fazer para ter uma juventude feliz e crescer sem complexos ou traumas: pescaria, quadrinhos, códigos secretos, primeiros socorros, histórias de piratas e exploradores, bolinhas de gude, planetas, truques com moedas, comandos para cachorros e mais um monte de tópicos fundamentais para aproveitar ao máximo a melhor fase da vida. Apesar de ser classificado como infanto-juvenil, é irresistível para qualquer garoto, desde o que está aprendendo a ler até o que já está usando frauda geriátrica.

Pra mim foi uma grande recordação de tantas coisas que eu fiz na infância, e mais algumas descobertas de coisas que ficaram pelo caminho. No verso do livro está escrito: “Traga de volta as tardes de domingo e os dias longos de verão”. Como eu escrevi anteriormente, na minha época de garoto não existia uma enciclopédia para garotos tão legal como essa, e acho que ela veio na hora certa, como uma reação ao momento atual em que garotos se interessam mais em ir para lan-houses atualizar seus orkuts do que passar as tardes soltando pipa, andando de bicicleta ou brincando com comandos em ação com os amigos – coisas que eu fiz e não trocaria por nada.

Após o sucesso deste livro (é best seller lá fora), foi lançado o contraponto feminino, chamado “O Livro para Garotas Audaciosas”, que dei de presente para minha irmã de 11 anos. Depois vou dar uma olhada, esse também parece ser interessante, tem coisas como golpes de karate e movimentos de surf. E ela, que tem metade da alma de um garoto, também vai ler o meu. Independente do sexo e da idade, “O Livro Perigoso para Garotos” é leitura obrigatória para descobrir e entender melhor uma coisa importantíssima da vida, que se chama diversão. Como é grande para os padrões de crianças e adolescentes, dá pra ficar lendo por bastante tempo durante o período de aulas e de frio, e testar todas as técnicas durante o verão.

O LIVRO PERIGOSO PARA GAROTOS
CONN IGGULDEN E HAL IGGULDEN
EDITORA GALERA RECORD
319 PÁGINAS
DISPONIBILIDADE: QUALQUER LIVRARIA
AVALIAÇÃO: ESSENCIAL

domingo, 11 de janeiro de 2009

Persépolis



Conheci Marjane no ano passado, através do filme Persépolis e... me apaixonei! Marjane é uma garotinha que nasceu no Irã, presenciou a revolução islâmica, sofreu um bocado com a guerra contra o Iraque, viveu como uma estranha numa terra estranha na Europa e criou a Graphic Novel Persépolis, obra super-elogiada e vencedora do prêmio de melhor história em quadrinhos da feira de Frankfurt em 2004 que conta sua história e que foi transformada em longa-metragem em 2007.

Persépolis foi originalmente lançada em quatro volumes, entre 2000 e 2003, e agora está no mercado brasileiro na forma de compilação com os quatro volumes encadernados. A obra de Marjane Satrapi é feita de desenhos simples e em preto-e-branco, mas que passam bastante sentimento e complementam o texto autobiográfico, que alterna situações cômicas e trágicas. Até o lançamento do filme eu nunca tinha ouvido falar desta HQ, mas acompanhando os poucos filmes baseados em quadrinhos que satisfazem os fãs, Persépolis é um filme muito bacana, que por si só agrada. Recentemente, com uma promoção que deixou o preço do álbum acessível (no momento está custando R$ 28 do site da Saraiva, o preço cheio é R$ 41), pude comprovar que o filme foi bem fiel ao original, com o mesmo traço da desenhista, mas ainda assim faltam algumas passagens só publicadas no papel.

Persépolis é uma autobiografia bem ao estilo American Splendor (outra HQ que foi muito bem transformada em filme), escrachada, engraçada, debochada, mas que ao mesmo tempo mostra situações dramáticas acerca da violência presente no Irã entre as décadas de 1970-90 e da própria vida da autora, que se identifica como “iraniana na Europa e européia no Irã”. O uso do véu, a proibição de qualquer tipo de diversão presente no ocidente (incluindo festas e música), a xenofobia, as situações inusitadas, tudo isso está presente em Persépolis. Recomendo a qualquer pessoa que curta biografias e História, independente de ser fã de quadrinhos ou não.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Nova Coluna - Quadro a Quadro


Tem início no blog coluna “Quadro a Quadro”, que vai tratar da nona arte, uma mera diversão para uns, mas uma verdadeira paixão para outros: o mundo dos quadrinhos. Diferente dos vídeo-games, não considero os quadrinhos um vício, mas um amor verdadeiro que me acompanha desde que comecei a ler (quem sabe até antes, não me lembro!). Adoro filmes, música, jogos, esportes, mas quadrinhos são algo especial. Cada personagem é um amigo imaginário que carrego a vida toda, em cada revista eu sou capaz de sofrer com as dificuldades do herói ou comemorar suas façanhas, e também identifico ali alguma coisa da minha vida. Me considero um privilegiado por ter crescido e passado todos os conflitos da juventude na companhia de todos os maravilhosos personagens das histórias em quadrinhos, é pena que nem todos descobrem este fantástico universo nas suas vidas.

Como, entre os autores deste blog, sou o “especialista” em quadrinhos, creio que vou monopolizar esta coluna daqui pra frente, então é bom que fiquem claras minhas posições e preferências em relação à nona arte. Iniciando meu caso de amor na infância, segui o caminho natural das coisas, com a leitura de quadrinhos de super-heróis e humor infanto-juvenil. Nunca os larguei de mão, mantenho até hoje minha coleção iniciada há cerca de 20 anos, mas, continuando no caminho natural das coisas, ao entrar na adolescência comecei a descobrir que os quadrinhos não se limitavam àquilo, descobrindo os quadrinhos mais adultos e mais sérios, começando pelos revolucionários da década de 1980 como Allan Moore e Frank Miller, passando por obras sofisticadas de autores europeus como Moebius e Manara, descobrindo posteriormente os mangás e finalmente pegando interesse pela parte teórica da coisa.


Vale também expor minha opinião sobre os quadrinhos hoje no Brasil: uma lástima. Estamos à mercê de uma única editora com um mínimo de condições de publicar algo regularmente, a Panini, que monopoliza os direitos das duas principais editoras norte-americanas de super-heróis (Marvel e DC) e entope as prateleiras com este e outros tipos de revistas (mangás de qualidade duvidosa e poucas obras que podemos chamar de arte). A publicação de revistas de super-heróis (o que mais vende, portanto, o que mais importa para o mercado) se dá da seguinte maneira: são compiladas normalmente quatro histórias diferentes em uma única revista, sendo quase sempre 1 história boa e 3 péssimas, ou 4 péssimas e nenhuma boa. Assim, o otário compra diversas revistas para ler as histórias que quer, mas paga por 75% de lixo e depois fica reclamando em fóruns e blogs – mas não ousa deixar de comprar para não afetar sua coleção (para mim, comprar este tipo de coisa é que seria sujar minha coleção!).

Parece que esta é a estratégia da Panini: entulhar as prateleiras de títulos (com a vantagem de dispor da melhor distribuição) para ofuscar a concorrência. Pesquisando na página da editora, pode-se perceber que, somente falando sobre as revistas de super-heróis Marvel e DC, saem regularmente 24 publicações, ao preço médio de R$ 7,50 cada. A este número, somam-se as categorias Mangás (27), WB (4), Turma da Mônica (31) e outros (10), que totalizam 96 revistas mensalmente nas bancas! Fora as edições especiais, vendidas à parte, e as encadernações de edições antigas, o que provavelmente dobra este número. Fazendo as contas, o custo total mensal de todas estas edições passa brincando dos mil reais!

Quanto à concorrência, as notícias que temos em sites e blogs especializados em quadrinhos afirmam que as duas principais editoras de quadrinhos depois da Panini (Conrad e Pixel, que publicam coisas bem interessantes) estão com um pé na cova, prestes a fecharem as portas. Com uma concorrência de uma multinacional que publica os principais títulos, não há alternativa a não ser cobrar preços ainda mais absurdos do que os da Panini, e assim entramos num círculo vicioso quanto-menos-vendo-mais-aumento-menos-vendo. Existem diversas outras editoras de quadrinhos, mas de menor expressão e que você não encontra nunca suas publicações – ou seja, estas nunca vão deixar de existir, mas também nunca vão fazer diferença nenhuma.


Há uns 8 anos que não compro quadrinhos regularmente – quer dizer, ir a bancas e comprar o gibi mensal. Compro pela internet edições de obras que podemos considerar arte, aquelas encadernadas, com temas interessantes e desenhos originais, edições antigas de super-heróis em sebos ou promoções em eventos. Gostaria de consumir mais este tipo de arte, mas infelizmente, com a visão empresarial dos que comandam a indústria, não posso. E acho que minha posição reflete a de muitos outros e explica o porquê deste marasmo no Brasil. A solução para mim? Que os quadrinhos voltem a ser publicados em formato de gibi pequeno, com papel jornal, para que barateasse os custos e popularizasse as vendas. Eu parei de comprar gibis justamente quando eles passaram a ser mais sofisticados, com formato americano e papel brilhoso, e conseqüentemente bem mais caros. Eu sei que fãs xiitas não podem nem ouvir falar em formatinho e papel jornal, já que reduz consideravelmente a qualidade dos desenhos. Para eles, as editoras têm os encadernados, republicações em formatos mais luxuosos. Funciona muito bem assim no Japão – os mangás são impressos e vendidos com o mínimo de qualidade (e preços baixos), várias histórias no mesmo volume, são lidos e depois jogados fora e reciclados, e para os fãs guardarem são publicados encadernados de luxo com as histórias dos personagens que fizeram mais sucesso. Acho que o Brasil é o único país no mundo que publica materiais editoriais sempre com mais qualidade que o original...


Eu continuo lendo todo tipo de quadrinhos, até alguns de super-heróis sem qualidade alguma, porque leio de graça – digamos que eu recebo regularmente de alguns amigos americanos. Leio só para me inteirar mesmo, para saber como estão destruindo os meus personagens prediletos da infância, tipo o Hulk o Batman, mas não dou um tostão para este tipo de lixo. Mas também compro e leio muita coisa boa, quando consigo uma promoção de álbuns artísticos – o último foi “Persépolis”, sobre o qual já-já escrevo aqui no blog.



Não está faltando nada neste texto? Sim, quadrinhos brasileiros. Para mim estes se resumem a quadrinhos de humor, área na qual alguns autores se destacam, como Angeli, Henfil, Ziraldo e Antonio Silvério, mas da nova geração não conheço muito, só alguns bem undergrounds que não são publicados em lugar nenhum além de sites mantidos por eles mesmos ou amigos. Quanto aos quadrinhos do tipo sério, álbuns com temas adultos e traços heterodoxos, não conheço quase nada, dada a escassez de material e a ineficiência da distribuição e o preço abusivo, logo não posso dar opinião sobre estes trabalhos – mas gostaria de conhecer, vejo anunciados muitos álbuns sobre pontos da história do Brasil que devem ser bem legais. Há também outro tipo de quadrinhos brasileiros, se é que podemos chamar assim, que basicamente são roteiros e desenhos copiados dos quadrinhos de super-heróis americanos por uma molecada que ainda não descobriu o que é história em quadrinhos. Ignore este tipo de clonagem malfeita de lixo. Em relação a mercado, o único fenômeno editorial perpétuo mesmo é a Turma da Mônica, que vende muito desde a minha infância. O resto é só para um mercado restrito de fãs, por isso que muitos garotos cheios de talento já começam sua carreira de artista com a máxima “não dá pra viver de quadrinhos no Brasil” na ponta da língua. Uma pena.

Ufa, já está bom para uma introdução, não? O resto vem através da coluna, sempre com alguma novidade ou algo que valha a pena ser lembrado.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Mortes lá, mortes cá ...


Um balanço realizado pela Polícia Rodoviária Federal indica uma número de 435 mortes nas estradas brasileiras nesta virada de ano. Não é nada, não é nada, é um número bastante parelho com o número de “baixas” na primeira semana desta guerra anunciada e estúpida que acontece desde os últimos dias de 2008, cerca de 500 (destes, uns 490 palestinos).

Será que os judeus de Israel esqueceram o significado da palavra Genocídio???

O pior é que tudo isso acontece enquanto a Donatela está pra dar um cacete na Flora e os Big Brothers são anunciados ...
Só pra tentar manter um clima bom por aqui, vou brincar com o que não se deve.

Clique aqui!

Talvez esteja na hora de voltar pra escola

Já completou o Ensino Médio? Ficou sabendo da Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa?

Depois de ler este artigo do Curso Sólon não vou escrever mais nada.

Gato por lebre

Este post é pra mostrar que não se fala somente de besteira numa corriola. Preste bastante atenção na dica.

Está pensando em comprar um pen drive? Legal! Já sabe qual o modelo? Não? É tudo igual, né? Todos são chineses e o importante é que cabe a quantidade certa de mp3 que você quer levar nele.

Meu pai comprou um da marca Kingstone, modelo DataTraveler 100 de 8 GB (DT100/8GB) preto. O computador dele deu problema, o gravador não funcionava e numa tentativa desesperada de não perder vários documentos ele buscou esse pen drive pra fazer um backup. Não lembro por qual razão ele acabou não o utilizando. Com o computador formatado e agora livre de seus problemas era hora do Wolf (aquele cara do filme Pulp Fiction que é procurado para resolver os problemas dos outros) entrar em ação. Peguei o pen drive, copiei alguns arquivos e programas básicos como antivírus, e instalei. Tudo certo. Nada que chegasse a lotar o pen drive. Nem 1 GB utilizado. Aí, o Professor Aloprado resolveu testar a capacidade desse negócio e ainda livrar um pouco de espaço do meu HD. Copiei uns 6 GB pra "unidade removível". Fiquei espantado com a velocidade! Acho que na Fórmula 1 só ganharia do Rubinho. Com o espaço a mais no HD resolvi meus problemas, apaguei alguns arquivos que não eram mais necessários e decidi passar os outros de volta. Para minha surpresa, todos os arquivos estavam corrompidos. Como assim? Fiz besteira? Tentei no computador do meu pai e deu a mesma coisa. Indignado, recorri ao novo "pai dos burros" e lá encontrei a resposta.



O modelo referido é este aqui.



Outra forma para conferir se o que você comprou é original, basta entrar neste endereço da Kingstone e preencher os campos de acordo com as indicações e enviar os dados. Em menos de 15 minutos você receberá uma resposta em seu e-mail dizendo se o produto é original ou não.

Pra finalizar, meu pai voltou ao local em que fez a compra e lógico tentaram empurrar um outro. Munido destas informações ele pegou um outro, me passou os dados que enviei por e-mail para a Kingstone. Após receber a confirmação de que se tratava de outro pirata, liguei para o meu pai que voltou com o dinheiro. Portanto, não se deixe enganar e corra atrás dos seus direitos.

Barata!

Cuidado! A próxima vítima pode ser você.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

À guisa de apresentação

Esta é a minha participação na Corriola, que já está comendo solta desde o primeiro dia do ano. Deveria, portanto, escrever sobre a idéia que este espaço representa para mim, um pouco sobre os meus amigos e algo acerca da minha participação aqui.

Este blog nasce da iniciativa de dar vazão às indagações e opiniões de três caras.Digamos que, se nossa amizade tivesse se consolidado há uns10 ou 12 anos atrás, montaríamos um power trio - Fernando Rocha na batera, B.R. Alcântara no Guitar Hero e eu carregando amplificadores. Mas, como já somos crescidos demais para este tipo de aventura, este é o espaço mais indicado para que canalizemos nossos sentimentos, dúvidas, impressões, questionamentos, etc.

Achar uma forma bacana de contribuir aqui é uma questão super complicada pra mim: estou ao lado de caras que sacam muito de livros, filmes, esportes, games e tudo mais, e que podem tratar destes temas com muito mais propriedade do que eu. Me tornei nos últimos tempos um cara muito preocupado com coisas práticas... é, talvez seja nesse ponto em que eu possa contribuir da melhor forma:tratar sobre as coisas práticas presentes no estranho mundo em que vivemos.

Assim, espero que minha atuação como blogueiro seja pautada pela mesma diretriz que orienta a formatação do próprio blog: a falta de especificidade em seu melhor sentido.

Assumindo desde já que serei o mais ausente dos três “corriolas”, tenho esperança de que escrever aqui seja uma diversão para nós durante muito tempo, e espero, do fundo do meu coração, que este blog tenha mais leitores do que redatores.

Um abraço do quase sempre econômico e ausente,
A. Bezerra.

"Gaguinho é morto a tiros! Principal suspeito: Batman!"






Nas fotos: O Gaguinho, que agora virou um presunto, e o Batman, comandando sua malvada Liga da Justiça.

“Morreu na manhã desta segunda-feira, 05 de janeiro, o Gaguinho. Ele foi atacado a tiros enquanto abastecia seu carro em um posto na zona oeste do Rio, e morreu na hora. A polícia afirma que o principal suspeito é o Batman, que fugiu da cadeia no dia 27 de outubro do ano passado, pela porta da frente, depois de pagar o suborno de 2 milhões de reais. O motivo do crime seria uma suposta guerra entre grupos de bandidos, sendo um deles – a Liga da Justiça – liderado pelo Batman.”

Esta poderia ser a manchete do Planeta Diário de uma das 52 Terras paralelas do famigerado universo DC, mas infelizmente não é. Trata-se de uma notícia real, sem nenhuma invenção de minha parte. Eu apenas omiti algumas informações, tais como: o tal Gaguinho era o apelido de Carlos Alexandre Silva Cavalcante, e o Batman é como chamam Ricardo Teixeira da Cruz. Ambos estão ligados às milícias, este flagelo que aflige o Rio de Janeiro há muito tempo, mas que só há uns 5 anos vem sendo tratado como mais uma sujeira na nossa sociedade, e não um bando de vingadores justiceiros que livram as comunidades carentes dos traficantes.

O pior é que muita gente realmente ainda acredita nisso. Acham que é “melhor” ficar sob a égide de milicianos do que de traficantes. Já ouvi isso de pessoas instruídas, colegas professores, mas que nunca viveram em comunidades carentes. Pelo que acompanho pela imprensa, a única diferença entre os milicianos e os traficantes é mesmo o tráfico de drogas, pois todos os outros monopólios – gás de cozinha, gato net, etc – são privilégios de ambos, e ai de quem quiser sabotar o sistema.

Mesmo nunca tendo vivido em comunidades carentes, tenho uma história pessoal sobre o assunto. Há cerca de uns 5 anos, alguns destes vagabundos começaram a se instalar nas redondezas do local onde eu morava. Eles insistiram mais de uma vez para que eu “colaborasse” com a “segurança” da rua, mas em nenhum momento eu sequer pensei nisso, mesmo ouvindo o senso comum dizer que isso não era sensato, que eles iam roubar minha casa. Eu realmente não podia admitir contribuir com este tipo de extorsão velada. Com o passar do tempo, várias casas da redondeza foram roubadas, menos a minha. Imagina meu estado psicológico em saber disso!

Sério, eu surtei. Tive minha primeira – a até agora única – experiência com paranóia. Eu contava os dias para que invadissem minha casa, o vagabundo sempre me encarava quando eu passava na rua – e eu, como sou abusado, encarava ele também. Comecei a achar que, a qualquer momento, eu seria morto por um deles, mas o que eu mais temia era que eles envenenassem meu cachorro durante a noite. Acabou que os anos se passaram, minha casa não foi assaltada, ninguém morreu, eu me casei e saí de lá, a paranóia passou, e recentemente – para meu grande alívio – minha família também se mandou. Só que...

... há pouco tempo eu descobri que minha avó pagava os vagabundos secretamente! Só fiquei sabendo depois que ela morreu, porque minha mulher, que era muito próxima de minha avó, sabia, mas tinha prometido a ela que não ia me contar (“ó mulher infiel!”), pois sabia que eu ia tomar satisfações com eles. Ela disse que minha avó estava com medo que me matassem. Eu só descobri porque, um dia visitando a família, encontrei um “recibo de pagamento” na caixa de correio, aí não teve mais como minha mulher esconder a verdade. Mas minha família já estava de saída do local, e não tinha mais porque eu desafiar forças que estavam além de minhas capacidades, não seria valentia nenhuma, seria só repetir a estupidez que fizera alguns anos atrás – e que me deixou praticamente pirado.

Hoje, escutando rádio, achei graça em ouvir uma notícia tão inusitada como o título desta postagem, mas pensando na seriedade do assunto me vieram todas estas lembranças desagradáveis. Hoje estou livre deste pesadelo, mas milhões de pessoas que não têm outra opção são obrigadas a agüentar esta humilhação – não tem outra palavra para ilustrar a cena de um pai pagando estes canalhas na frente do resto da família. E olha que no meu caso era só a tal da “segurança”, nem rolava estes lances de gás e gato net como nas favelas. Passei por uma situação até leve, comparando com o que acontece com pessoas menos favorecidas, e ainda tive a vantagem de ter condição de me mudar. Das autoridades não espero muita coisa, espero ao menos que quem ainda acredita que as tais milícias são um benefício para a sociedade pense melhor e mude de opinião, para que esta atividade não vire mais uma contravenção socialmente aceita, como o “inocente” jogo do bicho.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Star Wars: The Force Unleashed (PS2)



É com novo jogo da franquia Star Wars que iniciamos a coluna “No vício”. Lançado em setembro do ano passado, e já comercializado aqui no Brasil (R$ 149), “Star Wars: The Force Unleashed” traz uma interessante história situada entre os episódios III e IV da série, onde o super-fodão Darth Vader recruta um garotinho jedi cheio de potencial para o lado negro da força. Você começa o jogo com o super-fodão no planeta dos wookies, derrota o mestre do garotinho e pega ele para treinar. A partir de então você passa a controlar este novo personagem, num roteiro interessante.

Não cheguei a zerar o jogo, porque minha televisão queimou, mas quando eu resolver este problema pretendo continuar, pois gostei do que vi até o momento que tive que parar. O controle do personagem é bom, há muitas técnicas sith que vão sendo aprendidas através da evolução por pontos (como raios das mãos e empalamento com sabre de luz), o cenário e os inimigos são bastantes fiéis aos filmes – dá até pena matar wookies – e da pra destruir tudo em volta, o que é bom. O único problema é que, nas historinhas entre as fases, os personagens são meio malfeitos, dava pra fazer melhor, Georginho!

Gostei do jogo, mas sou muito suspeito para emitir algum parecer sobre qualquer coisa relacionada a uma série que sou muito fã. Nerds star warriors como eu com certeza vão adorar, mas mesmo que você não se encaixe neste perfil, se curtir jogos de luta e ação misturado com estilo Tomb Rider, recomendo uma olhada neste. Tem algumas fotos do jogo no link aí do Gamespot.com.

http://www.gamespot.com/ps2/action/starwars2007/images.html?tag=tabs;images

Nova Coluna

A dependência de drogas é uma coisa muito triste, já que a pessoa que se torna dependente nunca mais se livra do vício. Ela pode ficar anos sem beber ou cheirar, pode até passar o resto da vida sem usar nada, mas ela nunca se cura do vício, ela controla o vício, e algumas vezes ela pode perder o controle e jogar fora anos de heróica abstinência. Isso é considerado uma doença, é lamentável, e os dependentes não podem ser tachados como sem-vergonhas que usam seu produto porque querem.

Pode parecer brincadeira de mal gosto o que vou escrever agora, mas não é. Eu também sou um dependente, e meu vício que me acompanha desde criança é o vídeo-game. Obviamente é um vício menos brutal, já que se trata de uma dependência psicológica, e não química, e traz menos prejuízos à saúde, mas ainda assim é um vício. Não tem gente que é viciada em jogo, tipo cassino, bingo? Então, eu sou viciado em jogos eletrônicos.

O problema é que este é um vício do qual não quero me livrar. Eu tento controlar, às vezes fico meses sem jogar nada, mas quando bate a crise de abstinência, fico semanas no vício. Sei que existem muitas desvantagens em ficar direto jogando vídeo-game e não fazer mais nada, já perdi muitas coisas na vida por causa disso, já deixei de curtir outras situações, deixei de sair, de ler, de estudar, de fazer algum esporte, em épocas brabas deixava até de ir visitar minhas namoradas pra ficar jogando, mas também considero que este vício me trouxe alguns benefícios intelectuais, pois muitos jogos apresentam informações úteis á formação de um jovem. Digamos que hoje controlo muito mais o vício porque já sou adulto e sei que há muitas coisas que quero fazer que seriam deixadas de lado se eu ficasse só nos jogos, e também há muitas que eu tenho que fazer de qualquer forma – trabalhar e arrumar a casa, por exemplo. Além disso, fiquei com um pouco de medo depois que foram divulgados vídeos no youtube de garotos que conseguem acertar 100% de músicas dificílimas no Guitar Hero – essse estágio de vício é realmente preocupante, se eu tiver um filho assim eu interno.

No momento estou completamente abstêmio, talvez por questões técnicas (minha placa de vídeo do computador e minha televisão estão queimadas), e posso continuar assim durante alguns meses. Mas o vício pode bater a qualquer momento, quando eu menos esperar, e de qualquer forma, o saudosismo nunca some. Vamos iniciar aqui uma coluna que vai falar só sobre esta atividade maldita e, ao mesmo tempo, encantadora, que é ficar horas, dias inteiros, semanas, meses, às vezes até anos viciado no mesmo objetivo: provar que somos melhores que um processador eletrônico, zerar jogos.

Tenho certeza que o caríssimo B.R. Alcantara, provavelmente até mais viciado que eu, porém em estilos de jogos diferentes, terá muito a acrescentar a esta coluna, que por motivos óbvios se chamará “No Vício”. Os lançamentos serão apresentados só pelo nome, os clássicos serão precedidos do selo *Grandes Jogos*, por uma questão de respeito.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Uma Temporada no Inferno com os Rolling Stones - Robert Greenfield



No início da década de 1970, os Rolling Stones já haviam feito sua fama mundialmente como – além de excelentes músicos – jovens sujos, maus e drogados. A polícia os perseguia regularmente para apreender alguma droga e aparecer na capa dos jornais, e o fatídico show em que um Hell´s Angel que fazia a segurança assassinou um jovem de 17 anos já havia chocado o mundo. Nada disso fazia os Stones temerem qualquer tipo de repressão, fosse da mídia ou da polícia, até eles descobrirem que o leão do imposto de renda do Reino Unido morderia uma fatia absurda de seus rendimentos – mais de 90%!

Contra essa ameaça que nada se pode fazer – nem Al Capone se safou – os Stones decidiram se mandar para a França e lá gravar o próximo disco de estúdio de sua carreira – Exile on Main St. Tinha tudo para ser um paraíso na Terra: se mudar para um balneário mundialmente famoso, como é ainda hoje o sul da França, chamar todos os amigos e tocar rock´n´roll até dizer chega, quem não quer uma vida dessas? Pensando dessa maneira simplista, parece ser o melhor dos mundos, mas analisando mais precisamente o que se passou naquele verão – as drogas, os desentendimentos, os acidentes, o sexo e os problemas com os traficantes e a polícia francesa – fica-se boquiaberto em como foi feito um dos discos mais míticos da história do rock – e como é que todas as pessoas envolvidas neste evento conseguiram sobreviver.

Em “Uma Temporada no Inferno com os Rolling Stones – Exile on Main St.”, Robert Greenfield destaca esta passagem da gloriosa e turbulenta carreira do Stones. Narrado de forma descontraída (às vezes chegando ao ponto da grosseria), os personagens são apresentados como se fosse uma peça de teatro, um filme ou um romance, já que, além dos fatos mostrarem-se dignos de um roteiro fantástico, o tempo (além das drogas) fez com que ninguém se lembre ao certo o que é verdade e o que é lenda – há versões contraditórias em diversos depoimentos das pessoas envolvidas. Keith Richards é o herói (ou anti-herói), Anita Pallenberg a atriz principal, Mick Jagger quase um vilão, e Brian Jones o fantasma. Os coadjuvantes são todos os outros que estiveram presentes em Villa Nellcote, a casa de Keith Richard na França, e o momento era o início da década de 1970, quando os principais expoentes do rock´n´roll morriam de overdose e o sonho se esfacelava. Em meio a todos os problemas enfrentados, desde as drogas até o sumiço de Mick Jagger, que havia acabado de se casar, surge nos porões úmidos de Villa Nellcote a lenda de Exile on Main St., que permitiria aos Stones, ferrados financeiramente, iniciar uma nova turnê pelos Estados Unidos e se reestruturar.

O livro de Greenfiled tem o mérito de apresentar esta fabulosa história de forma clara e divertida, além do que aconteceu depois com todos os envolvidos e com o disco, mas na minha opinião sua obra peca em dois pontos: 1- apesar de descontraída e fácil de ler, sua escrita às vezes é bastante estúpida, criticando sem cerimônia algumas pessoas envolvidas na história e alguns autores que escreveram sobre os Stones antes dele – e que supostamente erraram em algum detalhe da historia, e 2- o livro não foca quase nada na parte técnica, no processo de criação e na produção das músicas, não interpretando o sentido de letras de músicas ou o contexto das gravações, o que aprecio em livros sobre bandas de rock e senti falta. Mas estes são detalhes que não tiram por completo o valor do livro e a diversão em lê-lo, e recomendo a todos os fãs de rock sua leitura.

UMA TEMPORADA NO INFERNO COM OS ROLLING STONES – EXILE ON MAIN ST.
ROBERT GREENFIELD
JORGE ZAHAR EDITOR
241 PÁGINAS
DISPONIBILIDADE: QUALQUER LIVRARIA.
AVALIAÇÃO: BOM, RECOMENDADO PARA FÃS DE ROCK EM GERAL.

Groundhog Day

E aí? Vai fazer alguma coisa hoje? Não? Tá sem dinheiro? Gastou tudo com cachaça na virada do ano e hoje vai ficar em casa? Nem tudo está perdido! Caso tenha NET, Sky, TVA, Cat NET, ou qualquer outra TV a cabo que tenha o canal Sony vou dar a dica. Pra quem ainda não viu terá sua chance. Afinal, já passou várias vezes na Sessão da Tarde. Se fosse no SBT seria pela primeira vez na televisão. Pra quem já viu vale assistir novamente e atentar para outros detalhes, além de analisar as nossas atitudes ao longo da vida (sei que farei isso, com certeza).

Groundhog Day, ou Feitiço do Tempo, é sobre um meteorologista arrogante e egocêntrico que vai até uma cidade do interior para cobrir o Dia da Marmota (Groundhog Day), um feriado estúpido que ocorre nos EUA e no Canadá todo dia 2 de fevereiro (daqui a 1 mês) onde o bicho determina a duração do inverno. Como? Se ele sair da sua toca neste dia e não conseguir ver sua sombra porque o tempo está nublado, o inverno acabará logo. Caso ele saia e consiga ver sua sombra porque o tempo está ensolarado, voltará para sua toca e isso significa que o inverno continuará por mais 6 semanas. Faz algum sentido pra alguém? Pior que ter de cobrir este evento é que Phil Connors, interpretado por Bill Murray, fica preso na cidadezinha quando uma nevasca que ele mesmo previu fecha as saídas da cidade, fazendo com que sua equipe e ele fiquem mais um dia no local. Porém, no dia seguinte ele acaba acordando no mesmo dia 2 de fevereiro e tendo de refazer tudo o que foi feito no dia anterior, ou seja, ele fica preso neste interminável dia. Agora, para ele, todos os dias serão iguais. Tudo se repete, no mesmo horário, no mesmo local e da mesma forma. Um belo castigo pra uma pessoa amarga como ele. O filme se desenrola com o aprendizado que o personagem descobre de pequenas coisas imperceptíveis no cotidiano e a nova visão que ele passa a ter da vida e seus verdadeiros valores. Uma lição para todos! Filme nota 10.

Canal Sony
Sexta 02/01/2009
22:00

Reprise
Sábado 03/01/2009
02:00