segunda-feira, 23 de março de 2009

O fim de um começo ou o começo do fim.




Bom, é com pesar que recebi a difícil tarefa de fazer um comunicado: a Corriola Cultural encerra seus trabalhos.

Talvez os nossos 2 leitores se perguntem a causa, motivo, razão ou circunstância desta ação. Vou tentar explicar. Toda corriola tem como objetivo a diversão. Quando ela deixa de ser somente diversão, é porque tem algo errado. Não que esta aqui tenha deixado de trazer diversão para nós, o grande problema é que os 3 integrantes estão passando por momentos delicados de mudanças em suas vidas. Estes três "garotos" têm a mesma opinião quando o assunto é amizade, e não concordam viver uma que seja de mentira e baseada em interesses e sem dedicação. A Corriola estava caminhando para esta direção, pois a dedicação não era a mesma e em certas ocasiões passava a ser um tipo de obrigação. E tem outra, chega uma hora em que não conseguimos viver na corriola todos os dias e pedimos um tempo para analisar se aquilo está certo ou errado. Para alguns esse momento demora, mas para nossa sorte ele chegou mais cedo.

Agora, os 3 "moleques" seguirão carreira solo. Cada um com seu projeto, seguindo em frente e esperando alcançar o sucesso de seus objetivos. Porém, isso não quer dizer que a Corriola terminou para sempre. Pode ser que no futuro ocorra uma volta, mas por enquanto está fora de cogitação.

Como dizem que "tudo que é bom dura pouco", espero que a Corriola Cultural tenha sido boa também, apesar da sua curta duração. Posso responder por todos nós que foi muito gratificante e estamos orgulhosos do que produzimos. Analisando friamente, poderíamos ter feito mais ou melhor, mas sabemos que diante de todos os problemas e circunstâncias o nosso limite estava presente e sempre fizemos o nosso melhor. O que quero dizer é que apesar de tudo, fomos os melhores que poderíamos ser naquele momento.

Estamos nos despedindo e agradecendo a todos que gentilmente fizeram parte desta corriola. Muito obrigado, de verdade! E assim como tudo no Brasil, acabo de notar que mais uma coisa acabou em pizza.

Um grande abraço!

terça-feira, 17 de março de 2009

Inaugurada a primeira pizzaria na Coréia do Norte



Foi inaugurada a primeira pizzaria na Coréia do Norte. Após mais de uma década de tentativas (com pizzaiolos italianos visitando o país para dar workshops e cozinheiros norte-coreanos viajando para a Itália para aprender os segredos), o governo norte-coreano finalmente aprovou a qualidade do produto fabricado internamente e autorizou o primeiro estabelecimento com este fim. Parece que a demora se deu por conta do perfeccionismo dos asiáticos, já que, segundo um pizzaiolo italiano contratado, eles perguntavam coisas como a medida exata entre cada uma das azeitonas sobre a pizza.

Este é o mundo em que nós vivemos.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Dois shows que eu não vou

Nesse fim-de-semana vão ocorrer dois shows no Rio que eu não vou, mas não pelo mesmo motivo.

No domingo se apresenta no Canecão uma das poucas bandas boas da atual geração (digo, formada há cerca de 10 anos), a Groundation, um grupo de reggae californiano que resgata a tradição roots da década de 70, uma raridade entre tudo que foi lançado nesse estilo nos últimos 30 anos. Comecei a ouvir esta banda por volta de 2006 e desde então venho acompanhando seu trabalho, e agora que eles vem para o Rio, não vou ao show. Falta de vontade não é, o preço é que é proibitivo para mim: R$ 80 o ingresso mais barato, R$ 160 o total com o da minha esposa, parcela significativa do orçamento doméstico que não podemos comprometer em duas horas de diversão efêmera, infelizmente. Com a meia-entrada até ficaria viável, mas de acordo com o site do Canecão, isto só é facultado para:

* Estudantes
* Idosos
* Deficientes Físicos
* Professores da Rede Municipal da cidade do Rio de Janeiro
* Menores de 21 anos.

Eu não me encaixo em nenhuma dessas categorias, logo não vou. Se o preço normal fosse o de meia (e o de meia fosse 1/4), eu iria me divertir, ficaria feliz e a casa ganharia mais R$ 80.

Se você tem condições de ir, recomendo, é uma ótima banda. Domingo, 15 de março, no Canecão. Quem não puder mas quer conhecer a banda, pegue os discos aqui.



Outro show que não vou será o do Iron Maiden, nem se fosse mais barato. Em minha opinião, o som dessa banda é ultrapassado, e o nome da turnê é totalmente apropriado: "Somewhere back in Time". Eu fui ao show deles em 96 ou 97, não me lembro bem. Contava ainda com um péssimo vocalista, o Blaze Bailey, e um dos shows de abertura foi da banda-farofa Skid Row, mas valeu pelo show do meio, do Motorhead. Mas eu tinha lá meus 15 anos, idade certa para curtir músicas que falam sobre diabo, medo de escuro, fantasma da ópera... Gosto é gosto, não se discute, quem ainda está na idade para curtir, ou já passou da idade e continua curtindo, que desembolse seus R$ 190 (ou R$ 95, pagando meia). Sábado, no Sambódromo (!). Mas uma coisa eu admito: as capas são e sempre serão muito boas, por isso coloquei a foto de vários Eddies ao invés dos feiosos da banda.



Eu era acostumado a ir a muitos shows por ano. Vi a última apresentação dos Ramones no Brasil (96), Smashing Pumpkins, Plant e Page, Sex Pistols, Bad Religion, Blur, Silverchair e mais uma porrada de bandas. Na década de 90 fui a todos os shows que eu quis, pagava R$ 15 pelo ingresso, e nem lembro se tinha esse negócio de meia-entrada. Mas aí o tempo foi passando, e sabe-se-lá-porque os preços subiram, às vezes mais de 1000% em menos de 10 anos - a inflação não deve ter chegado a 100% nesse período -, e parei de ir. Quer dizer, dá para entender porque os preços subiram sim, é só lembrar da lei mais básica da economia, oferta-procura. Tem otário que dá R$ 300 para ver o Bob Dylan, então vale tudo. Nos últimos anos vieram bandas que eu realmente queria ver, como o Jethro Tull, mas tive que me contentar em ficar em casa ouvindo meus cds. Hoje em dia, só shows de bandas brasileiras, que ainda não perderam a linha no preço. Tanto que os três últimos shows que fui foram: Pato Fu (2007, porque foi dentro de um evento de anime e estava incluido no preço do ingresso), Engenheiros do Hawaii (2005) e Cordel do Fogo Encantado (2003). Que pena para mim, que pena para a cultura no Brasil.

terça-feira, 10 de março de 2009

Atlas Shrugged - Ayn Rand


Saiu no jornal inglês The Guardian: Atlas Shrugged, livro de Ayn Rand de 1957, vende mais durante a crise econômica.

Ayn Rand é uma autora muito famosa nos EUA, mas praticamente desconhecida por aqui, sem nenhum livro traduzido para o português. Nascida na Rússia em 1905, migrou para os EUA em 1926, e parece que levou muito a sério o "american way of life". Seus livros são uma vitrine para suas principais idéias, tais como indivudualismo extremo e capitalismo laissez-faire (rejeição de qualquer tipo de envolvimento do estado na vida econômica). Além disso, a distinta senhora se opunha a qualquer tipo de caridade ou auxílio aos mais pobres, apoiou Israel na guerra (agressão) contra os árabes em 1973 e declarava que a homossexualidade é imoral. Pelo menos era contra o racismo, ainda que pelo fato de considerá-lo a mais primitiva forma de coletivismo. Noam Chomsky a classificou como "uma das figuras mais perversas da história da intelectualidade moderna".

Atlas Shrugged (tipo "Atlas desdenhado", numa tradução pessoal) é uma ficção científica que se passa em um mundo onde as principais "mentes" dos EUA - inventores, industriais, investidores - abandonam a sociedade que suga seus rendimentos através de impostos. Furiosos por serem explorados pelo governo em benefício das massas, descritas como "parasitas" e "pedintes", eles se mudam para um campo nas montanhas do Colorado, pretegidos por um escudo holográfico. Sem seus "gênios", a economia entra em colapso e irrompe uma guerra. Os burocratas então são obrigados a negociar com os rebeldes para que a economia volte ao normal.

O livro atingiu picos de vendas no Amazon em momentos que coincidiam com as medidas tomadas por Barak Obama para a recuperação da economia. Só para fazer um paralelo, na época da crise de 1929, as idéias de outro livro também fizeram muito sucesso: "Minha Luta", de Adolf Hitler. Em 1933 ele chegou ao poder na Alemanha.

Melhores capas de Batman

Tire suas próprias conclusões...

http://jovem.uol.com.br/ultnot/2009/03/09/ult4334u743.jhtm

segunda-feira, 9 de março de 2009

Comentários liberados

Seguindo o conselho do leitor Osmar Daou, tiramos a verificação alfabética na hora de postar comentários. Algumas pessoas (incluindo ele) não estavam conseguindo comentar por causa disso. Agora está tudo liberado, sem regras nem pudores (contanto que se respeite a constituição federal - caso contrário, será problema seu com a justiça)!

domingo, 8 de março de 2009

Laughing Clowns


Está sendo disponibilizada no blog Socialismo Digital, irmão da Corriola, a discografia da banda Laughing Clowns. Formada na Austrália na década de 1970 e liderada por Ed Kuepper, os Laughing Clowns produziam um som alternativo de alta qualidade, com composições nada convencionais, melancólicas, às vezes com surtos de animação, outras sinistras, com bastante uso de metais. Na verdade, a banda é basicamente uma fase do trabalho de Kuepper, e também já se chamou The Saints e The Aints, além de álbuns assinados com seu próprio nome. Ótima oportunidade para conhecer um som diferente e fugir das mesmices comerciais.

Onde encontrar as músicas
http://socialismodigital.blogspot.com/

Site oficial
http://www.thekuepperfiles.com/

My Space
http://www.myspace.com/laughingclowns

Estréia de Watchmen adiada!

Pelo menos para mim...

Juro que tentei ir ao cinema assistir ao filme. Juro que tomei coragem para encarar gente chata e preços desproporcionais, barulho de mastigação de pipoca, celular tocando a cada 10 minutos, comentários desnecessários e fora de hora. Tudo para ver Watchmen logo, mas, na hora do vamuvê, amarelei...

Encontrei uma sessão mais barata, mesmo no fim-de-semana, e me garantiram que era vazia, por ser cedo. Por não estar mais acostumado a este tipo de evento social, saí de casa com uma hora de antecendência. Chegando no shopping (o Nova América, só pra constar), vivenciei uma mistura de perplexidade e raiva: o estacionamento custa R$ 4,50! Um preço justo para quem ousa consumir desnecessariamente, para quem, depois de um mês de trabalho árduo não vê a hora de buscar seu ópio mensal nas lojas, praças de alimentação e afins, e ainda assim não acha errado que o shopping cobre pelo estacionamento. Me senti como todos estes bestializados, mas estava decidido a prosseguir na minha insólita experiência antropológica. Assim que cruzei o portão de entrada, decidi que definitivamente seria a última experiência deste tipo.

Já mal humorado, ao lado de minha esposa, enfrentei silenciosamente um breve congestionamento de famílias felizes - otários e futuros otários - até chegar à entrada do cinema - o relógio ainda não marcava 13:15h, porque tanta gente? Me aproximando do destino, tive uma visão desanimadora, para não dizer definitivamente brochante: uma enorme fila de almas vazias esperando a abertura da bilheteria, como iugoslavos na década de 70 esperando seus 300 gramas semanais de carne. Foi o suficiente para eu desistir e partir ligeiro de lá, antes que passassem os 20 minutos de tolerância para o pagamento da permissão para parar meu carro enquanto consumia dentro do shopping.

E assim terminou minha mais recente tentativa de me inserir na sociedade como uma pessoa como outra qualquer (eu não disse "normal"). E como não tenho tempo para ir a sessões pouco procuradas, tipo terça às 13:30 ou quarta às 22:50, a estréia de Watchmen foi adiada para quando minha conexão de 300kbps terminar de baixar o tão esperado filme.

segunda-feira, 2 de março de 2009

O Livro Negro do Colonialismo - Marc Ferro (org)


Quando me formei na faculdade de História, há três anos atrás, mamãe cismou que queria me dar um presente de formatura. Eu não faço questão desse tipo de coisa, mas como já havia dado a ela o desprazer de não participar de festas de formatura, nem ao menos uma cerimônia de colação de grau, resolvi aceitar a oferta. Como eu podia escolher o que quisesse (até certo limite de valor, e contanto que tivesse a ver com o fato de eu estar me formando - meu pedido inicial de bonecos Marvel Legends foi negado), pedi a ela o livro mais caro, quer dizer, o livro que eu teria mais dificuldades em adquirir com meus recursos de rapaz recém-formado, um livro grande, imponente, organizado por um historiador de renome internacional, com uma capa chocante: o Livro Negro do Colonialismo. Anos depois de ganhá-lo, finalmente obtive o tempo e a estabilidade mental necessários para a leitura desta obra coletiva de 957 páginas.



Hoje em dia existem vários livros negros: do capitalismo, do cristianismo, dos Estados Unidos (que também já li), mas me parece que o primeiro foi o Livro Negro do Comunismo (que também tenho e hei de ler). Só para se ter uma idéia, este livro foi editado no Brasil pela Biblioteca do Exército, e tem um prefácio de um general das antigas dizendo: “Estão vendo, nós estávamos certos em perseguir e torturar os comunistas”. Não que o comunismo tenha sido um sistema impecável, muito pelo contrário, senão o seu livro negro nunca teria existido, mas historiadores de renome que escolhem escrever um livro negro do comunismo antes de um livro negro de diversas outras coisas muito piores como, por exemplo, o colonialismo, merecem uma resposta intelectual a altura. O Livro Negro do Colonialismo foi justamente produzido com essa intenção.


O Livro Negro do Colonialismo, como se pode imaginar ao olharmos para a miséria de mundo que vivemos hoje em dia, apresenta muitos capítulos, escritos pelos mais variados especialistas. Sua divisão se dá por espaço e cronologia – seguindo, aliás, as etapas da dominação. A primeira parte apresenta o suplício dos povos que inicialmente sofreram nas mãos dos europeus, e que, em minha opinião, foram os que mais sofreram na história da humanidade: o massacre dos povos indígenas – e nesse contexto, por assim dizer, um capítulo se dedica aos nativos da Austrália.


Porque eu acho que ninguém sofreu mais na história do que estes povos? Simplesmente porque eles foram dizimados de forma muito mais dramática do que qualquer outro povo. Peguemos como exemplo os judeus, que foram sistematicamente eliminados durante a II Guerra Mundial. Foi uma aberração da humanidade, ainda mais se pensarmos que chegamos até o século XX para testemunharmos isso, mas ainda assim foram “só” 6 milhões que morreram. Ao massacre dos armênios nas mãos dos turcos no início do século XX podemos pensar da mesma forma: milhões foram dizimados, mas a cultura persistiu, ambos os povos estão aí.


E quanto aos índios de todas as partes da América e da Austrália? Você conhece algum povo que mantém sua cultura preservada (não digo nem intacta, mas pelo menos íntegra), no México, no Peru ou no Brasil, depois de toda “assimilação”? Nos Estados Unidos, muitos dos povos tradicionais hoje são proprietários de grandes redes de cassinos... Os especialistas não chegam, e acho que nunca chegarão, a um consenso sobre a quantidade de gente que morreu durante a colonização da América, mas só para se ter uma idéia, alguns povos foram dizimados antes mesmo de entrar em contato com os europeus, vítimas de doenças espalhadas através de animais. Aos que sobreviveram, sobrou a desarticulação de seus antigos modos de vida, exploração, alcoolismo, degeneração moral, humilhação e finalmente assimilação. Renato Russo estava certíssimo, “todos os índios foram mortos”.


Mas essa é só minha opinião pessoal sobre o assunto, ainda estamos na página 116 deste grande livro negro, ainda tem muito sofrimento pela frente. Os próximos a cair em desgraça fazem parte de alguns povos africanos com menos sorte que outros. Em 1537, a Igreja decidiu que os indígenas eram seres humanos, e não podiam ser escravizados. Para que suas fazendas e minas na América não parassem por falta de mão-de-obra, os europeus começaram a comprar pessoas que haviam sido capturadas por povos vizinhos em guerras na África - elas ficaram de fora do pronunciamento do papa... Começa a sangria do continente, que depois de séculos resultaria justamente em seu enfraquecimento e abriria o caminho para mais uma dominação. O número de pessoas trazidas para a América também gera e sempre gerará discordância entre os especialistas, mas quem realmente se importa com este tipo de coisa não vê diferença entre dez mil ou dez milhões de pessoas exportadas como bichos.


Como o tráfico de escravos é apenas uma conseqüência do colonialismo, o livro negro não reserva mais do que 44 páginas para ele. Muito sangue, suor e lágrimas ainda vão rolar, que sobre bastante espaço para quem foi violado em seu próprio espaço – e os africanos vão voltar a dar as caras antes de se chegar perto do fim. A sanguinolência continua ainda na América, agora no momento em que a maioria dos nativos já estavam exterminados, e os que sobraram estavam em vias de serem absorvidos pelo novo sistema. Esta parte do livro conta com dois grandes capítulos explicativos sobre temas pouco explorados nos livros de história, acerca da questão da colonização da América, e mais dois pequenos capítulos sobre a Guiana Francesa e o Haiti – aliás, este é um dos méritos deste livro: abre espaço para temas diferentes, que não se encontram em qualquer lugar.


Os próximos a sentirem a fúria da ganância são os asiáticos. Indonésios, vietnamitas, chechenos, todo mundo ainda vai sofrer, mas nenhuma colonização na Ásia foi mais emblemática do que a atividade inglesa na Índia, principal colônia do império britânico durante séculos. Dois grandes capítulos explicam desde o início dessa dominação, como um empreendimento particular, até a luta de Gandhi e a retirada dos súditos da rainha. Na linha dos temas alternativos, há também um capítulo dedicado às travessuras dos russos no Cáucaso, que sustentam até hoje uma ferida difícil de cicatrizar na Chechênia, e uma análise da colonização japonesa, a única promovida por um país oriental, mas igualmente cruel.


A última parte do globo a sentir a presença dolorosa dos europeus foi a África, conquistada depois de sangrar bastante com o tráfico de escravos, e a área que mais sente até hoje os efeitos da colonização. Depois de um capítulo meia-bomba sobre a colonização árabe em Zanzibar, aparece uma das melhores partes do livro negro, um pequeno artigo sobre o apartheid na África do Sul, explicando suas origens e seu desenvolvimento – muito bem escrito e útil, já que eu nunca havia lido algo que tratasse especificamente este assunto tão importante. Confesso que, depois da parte dos massacres dos indígenas, esta foi a que mais me chocou – eu não tenho o menor orgulho de ser brasileiro, tenho até vergonha desse país onde nada funciona e todo mundo só está de olho no seu, mas se eu tivesse nascido na África do Sul, já tinha pedido naturalização em qualquer outro no mundo, não existe país com história recente mais vergonhosa. Logo em seguida, três capítulos abordam a colonização da Argélia, a principal colônia francesa – essa predileção se explica pelo fato do livro ter sido escrito majoritariamente por franceses. Os dois primeiros foram escritos pelo próprio Marc Ferro, organizador da obra, mas sua escrita é enjoativa e me decepcionou; já o terceiro abrange as independências de diversos países da África francesa, e é muito esclarecedor.


A penúltima parte do livro foi batizada de “O destino das mulheres”, e me pareceu meio apelativo para agradar um certo público. Chata e dispensável, é prosseguida por “representações e discursos” que aborda questões como o anticolonialismo, o racismo proveniente de ideologias dos povos que dominaram e aspectos culturais da colonização na produção de músicas e filmes. Há ainda um epílogo chamado “quem pede reparações, e por quais crimes?”, só para não terminar o livro assim, do nada.


O que achei do livro? Sensacional, de altíssimo nível, e muito útil, não só para minha vida profissional, mas para minha formação como cidadão. Esse é o tipo de coisa que todas as pessoas deveriam conhecer, para não ficar falando por aí besteiras calcadas em preconceitos. Acho que depois de um mês através dessas quase mil páginas, terminei a leitura como um ser humano um pouco melhor do que era antes.



domingo, 1 de março de 2009

Watchmen - contagem regressiva

Semana de lançamento do filme Watchmen, e a Corriola entra no clima, torcendo para que lancem logo a versão com qualidade DVD na int... quer dizer, torcendo para que chegue logo sexta-feira e seja lançado no cinema. Sério, eu odeio ver filme no cinema com tanta gente mal educada e me sentindo roubado, mas este estou até pensando em ir (a partir da segunda-feira, que é mais barato).




Trailer 1

Trailer 2

Impressões preliminares: A mulher tá muito gata, o Ozy está meio escroto, parecendo o Robin do filme do Batman, e os outros personagens estão maneiros, apesar de uma leve afetação do ator que faz o Rorschach. Acho que vai ser legal.