quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Batwoman sai do armário




Recebi um e-mail do co-autor B. R. Alcantara sobre uma notícia publicada no UOL Jovem informando que em junho vai sair uma revista confirmando que a personagem Batwoman é homossexual. Não é a primeira personagem homossexual no mundo dos quadrinhos, nem vai ser a última, e muitos desses casos já foram analisados num bom artigo de Pedro Hunter do site Omelete.

O que importa é que a inserção de personagens gays no mundo dos quadrinhos é bastante oportuna no sentido de suscitar o debate sobre a homofobia, além de representar mais um tema atual abordado nesse meio de comunicação.

Já na década de 1980, esse assunto foi pauta da excelente série “Camelot 3000”, na qual o Rei Artur, bem como todos os seus cavaleiros, renasce no limiar do 4º milênio. Entretanto, Tristão reencarna no corpo de uma mulher, mas continua apaixonado por Isolda (que também renasce em corpo feminino). A tensão sexual entre os dois e o preconceito são bastante explorados em toda a saga, até que no final eles (ou elas) superam tudo e ficam juntos (as). O mais curioso nisso tudo é que a tal série foi publicada aqui no Brasil nas revistas Heróis em Ação e Superamigos, que só pelo nome já dá para perceber que tinham um teor altamente infantil. Contudo, as partes mais explícitas foram cortadas, sendo publicadas posteriormente numa edição encadernada de toda a saga.


A Marvel e a DC também começaram a tratar do tema na década de 1980, mas de forma muito tímida, como explicado no artigo do Omelete. Ultimamente é que o assunto vem sendo mais discutido, mas não sem uma boa dose de polêmica e controvérsia. Só para citar um caso que pude observar na época em que ocorreu, em 2001 Judd Winick inseriu um personagem gay na revista do Lanterna Verde – Terry, assistente do alter-ego do herói, que era desenhista. Meses depois, foi apresentada uma estória onde Terry era vítima de homofobia, sendo espancado e, conseqüentemente, entrando em coma. Pude comprovar o resultado da iniciativa na seção de cartas: alguns leitores gays agradecendo ao escritor por abordar tal tema, enquanto outros afirmando que nunca mais comprariam a revista por causa disso. A controvérsia foi ainda maior após as declarações de Chuck Dixon, escritor de quadrinhos conservador, que afirmou que nunca deixaria seus filhos lerem qualquer criação de Winick – não só os leitores divergem nas opiniões.

Independente da posição de cada um, a homossexualidade é uma coisa da vida como outra qualquer (por isso o termo homossexualismo é tido como impróprio, pois o sufixo remete a uma escolha ou uma posição deliberada, como marxismo ou messianismo), e deve sim ser abordada nas histórias em quadrinhos. Muito boa foi a colocação do autor de Batwoman perguntado a respeito: "Sim, ela é lésbica. Ela também é ruiva".

Nenhum comentário:

Postar um comentário