sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Tributo à ignorância

Você já leu a "Folha Universal"? Se ainda não teve esta experiência, na próxima vez que passar na frente de uma filial da Igreja Universal pegue na mesinha que fica estrategicamente posicionada na rua, é de graça - os traficantes de drogas também utilizam a mesma tática, a primeira dose é sempre assim. O que você vai ler ao folhear este jornal é uma mistura de notícias do mundo real, variedades, doutrinação religiosa e espaço para divulgação pessoal de políticos. O resultado é hilário, digno de pena, mas assustador quando paramos para pensar que muita gente cai nessa.

Ontem, ao parar no sinal, recebi das mãos de uma velhinha a edição dessa semana. A reportagem principal desta edição é sobre gravidez na adolescência - assunto muito oportuno, por sinal - mas o que mais chamou minha atenção foi o que estava escrito no canto inferior esquerdo: "Herança Selvagem - Teoria de Darwin confronta criação divina ao dizer que viemos do macaco". Não é preciso ter um nível intelectual muito superior ao de um seguidor desta empres... igreja para saber que a matéria no miolo do jornal é extremamente tendenciosa e cheia de erros grosseiros. Segundo o autor desta pérola, existe um número reduzido de pessoas que acredita na evolução. Bom, se a teoria evolutiva a qual eles estão se referindo diz que os homens descendem do macaco, realmente não deve haver muita gente que acredite, pois até meus alunos da quinta série já aprenderam que isso nunca ocorreu... A lavagem cerebral continua ao afirmar que "Nos Estados Unidos, por exemplo, uma reconhecida potência científica, apenas um em cada dois americanos aceita que o ser humano é produto de uma evolução de milhões de anos". Só esqueceram de publicar quantos americanos em cada dez afirmam que a capital do Brasil é Rio de Janeiro ou Buenos Aires...

A matéria é concluída com uma foto do senador Marcelo Crivella defendendo o criacionismo em pleno Senado - aliás, este jornal também se presta a fazer propaganda política descarada para o dito senador, esta não é a única página em que aparece uma foto bonita dele. Segundo o ilustre político, "Se a doutrina evolucionista estivesse correta (...) os arqueólogos já teriam encontrado fósseis de seres metade anfíbios e metade ave ou peixe, ou até mesmo um com características de homem e macaco". O resto do jornal é completado com depoimentos de pessoas que tinham cálculos renais, micose e trombose e foram salvas depois de se converter à igreja e desviar alguns milhares de reais para as contas do bispo Edir Macedo.

Para quem acha que só a Igreja Universal tem tanta cara-de-pau para publicar matérias absurdas como esta, seria interessante dar uma olhada nas publicações de outras igrejas: elas são igualmente medíocres. Guardo até hoje um exemplar do jornal "O Lutador", de orientação católica, onde foi publicada uma matéria explicando porque os jovens que jogam RPG tendem ao assassinato, ao uso de drogas e ao culto a Satanás...

Para quem mora em locais onde não há filiais da Igreja Universal (tipo, nos confins da Groenlândia), o jornaleco é publicado em http://www.folhauniversal.com.br/ .

E para quem não lembra ou não era nascido na época, a famosa video-aula do bispo.


Edir Macedo num fim-de-semana animado com seus parceiros de fé.

5 comentários:

  1. Olha que parada engraçada: uma vez eu estava dando uma olhada numas comunidades do Orkut, e tinha um cara la doidão falando umas merdas engraçadas e eu fui ver seu perfil.

    Em suas fotos ele tinha justamente uma capa da tal " folha universal" que tinha uma manchete do tipo "Maconha e adoração ao diabo". Era uma foto de uma galera que estava indo (ou tinham comprado o ingresso) para o ultimo show feito pelo Iron Maiden no Brasil.

    O Detalhe é que o camaradinha dono do perfil era um dos fentes da turminha de metaleiros... hehehe... ele achou graça e tudo, mas se isso aconetece com um Fernando Rocha da vida, o bispo Macedo ia levar uma trolha.

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  2. Será que o "camaradinha" não era o Thiago?

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  3. Nao... era um desses cabeludos meio gordinhos.

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  4. Então era um amálgama de eu no passado com eu no presente.

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